Resistindo ao tsunâmi de ideias conservadoras, atreladas a um discurso fundamentalista pentecostal, enfrentamos atualmente o esfacelamento de políticas públicas que promoviam, mesmo que tardiamente, o reconhecimento e a necessidade de se fomentar ações que assegurassem os direitos da mulher e a igualdade entre os gêneros. O Brasil ostenta atualmente o quinto lugar mundial em feminicídio e o primeiro em feminicídio de mulheres trans e travestis. Somam-se a esses dados os inúmeros casos de violência sexual contra mulheres indígenas, a tentativa governamental de apagar a existência da população LGBTQ + e a conivência com uma estrutura social que provoca a manutenção do preconceito racial que vítima mulheres negras.
Laudelinas é uma provocação, um desabafo, uma canção denúncia e de resistência em um dos momentos mais nefastos da história do país. Nasce como uma coletânea de depoimentos, artigos, poesias, contos, fotografias e performances que procuram traduzir as constantes lutas das mulheres de diferentes etnias, trans e cis. Participam dessa edição autoras de todas as regiões do Brasil.
A publicação presta uma homenagem à mineira Laudelina de Campos Melo, filha de escravos, criadora do primeiro sindicato das domésticas no Brasil, em 1936, que posteriormente seria fechado pelo governo de Getúlio Vargas. Incansável, participou da fundação de uma entidade com 30 mil filiados: A Frente Negra Brasileira. Sua atuação na valorização do emprego doméstico revela o pioneirismo de uma mulher negra, ativista pela igualdade racial e de gênero.
No artigo Laudelina de Campos Melo: Histórias de Vida e Demandas do Presente no Ensino de História, de Fernanda Nascimento Crespo, ela conclui que:
“Propor Laudelina como a protagonista do nosso enredo; eleger uma mulher negra doméstica, que não só foi espectadora, não teve sua vida meramente determinada pelos contextos históricos, mas foi atuante em diversas lutas ao longo das várias experiências de república no Brasil como personagem principal da nossa narrativa histórica didática é disponibilizar aos estudantes novas chaves para a compreensão tanto da história nacional quanto das suas próprias histórias de vida.”
Assim como Laudelina, sejamos protagonistas do nosso tempo.É necessário não se calar diante dos imbecis.PARA BAIXAR O E-BOOK CLICA AQUI: LAUDELINAS1 L